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Ana Paula Vilaça: Paixão e dedicação ao Recife

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Lara Calábria

Publicado em 16/06/2025 às 5:00
Ana Paula Vilaça, entrevistada da semana - Arquivo pessoal

Por Lara Calábria

Mãe de quatro filhos, advogada, arquiteta, esposa e, acima de tudo, uma apaixonada pelo Recife. Ana Paula de Oliveira Vilaça Leal, 47 anos, carrega no coração um forte senso de pertencimento e um compromisso com o desenvolvimento de sua cidade. Com olhar atento e sensível aos detalhes, tem se dedicado, nos últimos quatro anos, a uma área muitas vezes rotulada como “abandonada”: o Centro do Recife. Onde muitos enxergam decadência, ela vê potencial de transformação social. À frente do Recentro, liderou um trabalho exemplar de revitalização e promoção da segurança no coração da capital pernambucana.

Ana Paula Vilaça, figura de muito prestígio da nossa cidade - Arquivo pessoal

Você você tem duas formações, Direito e Arquitetura, como foram essas escolhas?

Minha mãe é engenheira civil e por influência dela resolvi fazer arquitetura, um curso que une história, humanas e exatas. Direito pela vontade de fazer concurso público (fui aprovada em quatro) e por achar que esse curso complementa qualquer área de formação.

Quando decidiu se especializar desenvolvimento urbano?

Sempre gostei de trabalhar com cidades, território e pessoas. Meu trabalho de graduação e minha dissertação de mestrado abordaram esses temas.

Como foi sua ida para o Recentro?

Um convite do Prefeito João Campos em novembro de 2021 e me sinto privilegiada em conduzir o programa de reabilitação da área central da minha cidade.

Imaginava chegar no atual resultado?

O desafio era enorme e de grande complexidade, mas com uma escuta ativa de diferentes atores, conseguindo dar passos importantes.

O que incomodava, de ponto de vista inovador no centro do Recife?

Incomodava-me, e ainda é um grande desafio, é ver o imenso potencial do Centro do Recife sendo desperdiçado. Do ponto de vista inovador, temos um riquíssimo patrimônio histórico e cultural, mas também um enorme estoque imobiliário ocioso, com prédios desocupados ou em estado de abandono, que poderiam estar cumprindo funções importantes para a cidade: abrigando moradias, comércios, serviços, equipamentos públicos.

E a parte social?

A situação das pessoas em situação de rua é profundamente preocupante. O Centro do Recife se tornou, para muitas dessas pessoas, um lugar de refúgio, mas também de invisibilidade. A violência urbana, muitas vezes relacionada com a ausência de presença pública, também reforça o sentimento de abandono e insegurança. Por isso, o plano que estamos construindo, O Centro do Recife na Rota do Futuro, busca justamente enfrentar esses problemas de forma integrada, com ações voltadas à habitabilidade, inclusão social, dinamização econômica e requalificação urbana.

Quais projetos da prefeitura do Recife são destaque lá fora?

Na área central, temos um comitê integrado de segurança, uma instância de governança ativa e coordenamos a rede brasileira de urbanismo em áreas centrais.

Qual seu desafio no âmbito profissional?

Um dos maiores é envolver as pessoas no processo participativo de construção colaborativa das ações para a reabilitação do centro histórico do Recife. Estamos lidando com um território de enorme valor simbólico, social e cultural, que carrega memórias afetivas para muitos recifenses — mas que também acumula décadas de problemas estruturais complexos. Reverter esse cenário exige um esforço conjunto, e isso só é possível quando conseguimos mobilizar os diversos atores envolvidos: moradores, comerciantes, trabalhadores, população em situação de vulnerabilidade, gestores públicos, investidores e sociedade civil.

Pretende trazer para o Recife projeto que viu em outra cidade?

A Rede Brasileira de Urbanismo em Áreas Centrais tem sido uma ferramenta poderosa para a troca de experiências e boas práticas entre cidades que enfrentam desafios semelhantes em seus centros urbanos. Um exemplo inspirador é o das placas afetivas no centro histórico do Rio de Janeiro. Mais do que sinalizações, elas acompanham histórias e memórias de quem viveu ou viveu o território, conectando o espaço urbano à experiência humana e reforçando o senso de pertencimento.

Qual a diferença de trabalhos privados e de governo?

Atuei como arquiteta, mas desde o início da minha carreira me dediquei ao serviço público, que faço com muito amor.

Como concilia atenção aos filhos?

Tenho adolescentes e é algo desafiador e por vezes cansativo, mas espero que eles se orgulhem do trabalho e legado para a cidade que escolhemos para viver.

Já foi subestimada ou sofreu algum preconceito no trabalho?

Com certeza, o ambiente político ainda é muito machista e excludente.

Paixão na esfera pessoal.

Ficar com a família, fazendo programações juntos.

Como é a percepção dos filhos sobre seu trabalho?

É uma situação complexa para eles, sabemos da importância do meu trabalho, mas sinto minha ausência.

Como é a Ana Paula mãe e esposa?

Uma mulher cheia de atividades e tarefas, mas que faz tudo pelo marido e pelos filhos.

Sonho que deseja realizar?

Ver o nosso centro vivo e pulsante, 24 horas por dia, todos os dias da semana.

O que sua versão de 20 acharia da de hoje?

Ficaria orgulhosa da caminhada.

Próximos planos e focos do Recentro?

Atrair novos investimentos privados e realizar obras públicas.

Cenário ideal para o centro da cidade nos próximos anos?

Um centro ocupado por pessoas, com moradia, comércio e serviços, eventos culturais e muitos turistas e visitantes.

RAIO X

Time: Náutico

Cor: Preto

Restaurante: “Le Fondue”

Filme: “Nasce uma Estrela”

Música: Todas de Thiaguinho

Lugar bonito: Centro do Recife

 

 

 

 

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