Heracliton Diniz e o amor pela moda

Toda segunda, a coluna João Alberto traz uma entrevista com um nome forte no Estado. Esta semana é a vez de Heracliton Diniz

Publicado em 28/04/2025 às 4:00 | Atualizado em 28/04/2025 às 11:21
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Heracliton José Novaes Diniz mora atualmente no Recife, mas é natural de São José do Belmonte. Aos 44 anos, é um dos grandes nomes da moda, empreendedor e fundador do Empório HD. Muito querido na nossa sociedade.

Como começou seu interesse pela moda?

Desde criança, a paixão estava presente, mas foi em Recife que me aprofundei com o universo fashion. Embora tenham cursado Administração e Gestão de Negócios, amigos que trabalharam na moda me apresentaram o setor e comecei a vender mostruários de marcas em casa.

Essa experiência me levou a abrir uma pequena loja e depois a vontade de conhecer novas referências e estilos me levou para Belo Horizonte. Essas experiências consolidaram minha paixão, fazendo com que eu percebesse que estava na direção certa e que a moda era, de fato, minha vocação.

Você já trabalhou em outra área?

Não, nunca trabalhei em outra área.

O início como empreendedor?

Comecei a vender mostruários de marcas ainda na época da faculdade, recebendo algumas amigas em casa. Com o tempo, percebi que aquilo me dava prazer, que era o que eu realmente queria.

Me encantei completamente e tive certeza de que era esse o caminho que eu queria seguir. Assim nasceu a vontade de empreender e criar o Empório HD.

Como transformou sua loja em grife?

Acredito que o ponto mais importante foi sempre fazer uma curadoria muito cuidadosa, buscando o melhor da moda nacional. Isso me ajudou a construir uma identidade própria.

Foi o meu grande pulo do gato. Com o tempo, percebi que os clientes não conheciam apenas as marcas que compravam — elas diziam que usavam HD e Heracliton. Isso foi fundamental para consolidar o HD como uma grife.

Gosta de vestir personalidades da moda?

Sempre acreditei na força das bênçãos e na curaria que escolhi para a minha marca. Ao longo do tempo, tive a honra de vestir personalidades de peso, como as eternas Elza Soares, Graça Araújo. Elba Ramalho, Paula Fernandes, Adriane Galisteu, Gerlane Lopes e Fabiana Karla…

Esses encontros fortaleceram não só a identidade da marca, mas também demonstraram que o reconhecimento veio de maneira natural, fruto de trabalho, paixão e conexão sincera com o mundo da moda.

Qual a artista ou famosa com quem mais gostou de trabalhar?

Trabalhar com todas essas personalidades foi algo extremamente especial e enriquecedor. E me emociona ver que muitas delas retornam sempre que estão em Recife para visitar uma loja.

Como funciona sua curadoria?

A curadoria é feita com muito cuidado e sempre pensando no público. Somos convidados para todos os grandes eventos da moda do Brasil, e é com base neles que, com cerca de seis meses de antecedência, começamos a montar as coleções. Tudo é escolhido com olhar estratégico e afetuoso, priorizando o que faz sentido.

É verdade que o mundo da moda é extremamente fechado?

Quando dizem que o mercado da moda está fechado, é porque as marcas costumam trabalhar com exclusividade e parcerias bem definidas. Isso garante uma curadoria mais seletiva e fortalece a identidade das coleções.

Mas eu enxergo esse mercado com muita abertura para quem tem talento e dificuldades. Estou sempre em busca de novos nomes, de propostas diferentes que conversamos com o perfil dos meus clientes. Inclusive, há marcas que hoje são bem famosas e que conheci quando ainda eram bem pequenas.

Divulgação
Heracliton é formado em Administração e Gestão de Negócios, mas se encontrou no mundo da moda - Divulgação

Qual país tem estilos e culturas que mais chamam a atenção?

O país que mais me chamou a atenção foi a China, que visitei em 2013. Fiquei encantado com a cultura, a riqueza dos detalhes, os trajes e o estilo de vida totalmente diferente do que estamos habituados. Foi uma experiência única, que me marcou muito e me trouxe novas referências, tanto pessoais quanto profissionais.

Quais seus ídolos no mundo da moda e fora dele?

No mundo da moda, minha maior inspiração é Chanel. Admiro sua trajetória e história de vida, que refletem força, inovação e inovações na criação de um universo próprio. Já fora do universo fashion, tenho um grande ídolo aqui em Recife: Fernanda Pessoa. Além de ser apaixonado pela moda e consumir de forma intensa, conheço-a muito bem como cliente e amiga há muitos anos. Fernanda é uma pessoa que se destaca por compartilhar seu conhecimento e oferecer oportunidades a quem precisa.

Quais os maiores desafios no trabalho?

Me reinvento constantemente nesse mundo tão diversificado e cheio de informações. A moda é movimento, é renovar o tempo todo e acompanhar isso exige sensibilidade, atenção e criatividade.

Num cenário com tantas possibilidades, o desafio é justamente filtrar e adaptar a sua realidade.

Como convive com o sucesso?

Na verdade, eu me vejo como uma pessoa comum, que trabalha muito, é dedicada e apaixonada pelo que faz. Encaro essa visibilidade com gratidão, mas também com muita responsabilidade. Me esforço todos os dias para oferecer continuar o melhor.

O que mais te define?

A intensidade com que vivo a vida. Gosto de comemorar cada conquista, cada momento, por mais simples que seja. Sou movido pelo amor à minha família, à minha fé, às pessoas.

Acredito na força da generosidade e carrego comigo o compromisso de ajudar o próximo sempre que puder. E é isso que busca todos os dias: ser alguém que transforma, que acolhe, que inspira. Porque no fim, mais do que moda, mais do que trabalho, o que fica é o que a gente faz com amor.

Qual o lugar mais bonito que já visitou?

Já tive a oportunidade de conhecer muitos lugares incríveis, mas dois destinos me marcaram profundamente: Sydney, na Austrália, e Cidade do Cabo, na África do Sul.

Sydney pela arquitetura, pela energia vibrante da cidade e Cape Town me tocou de uma forma especial pela beleza natural indescritível, pelas paisagens que tiram o fôlego.

Qual o seu hobby?

É difícil escolher só um… Viajar é, sem dúvida, minha maior paixão. A música também faz parte de mim, sou daqueles que escuta de tudo e sente cada letra, cada melodia. E, por mais que pareça clichê, o meu trabalho também é um hobby.

Teve alguma experiência desagradável?

Sim, ao longo desses 20 anos de loja já vivi algumas experiências alternativas. Muitas vezes, a promessa de exclusividade, mas, na prática não se sustenta. Além disso, apostar em marcas desconhecidas e após se fortalecerem, virando as costas. É como levar uma rasteira.

Qual conselho você dá para quem sonha em empreender em sua área?

Só comece por amor. Porque quando é de verdade, você aguenta os tombos, aprende com eles e segue em frente. Não faça por dinheiro, isso não é seguro ninguém nos dias difíceis. Ame o que faz, lute pelos seus sonhos, trabalhe com alma. Vai fazer, vai cansar, mas também vai valer a pena.

Tem vontade ou planos de trabalho em outros setores?

Nunca pensei em trabalhar em outro setor, porque realmente encontrei meu propósito no que faço. A moda me escolheu e eu abracei esse caminho. Mas, se um dia a vida quiser me levar para outro boato, acho que vou pro interior morar com minha mãe, empreender no Agronegócio, criar gado, viver da terra e do silêncio.

Torce para algum time?

Nunca fui muito ligado no futebol, então não tenho um tempo. Mas admiro a paixão de quem torce!

A comida e restaurante preferidos?

Sushi. Por isso, amo os restaurantes Yoshi, Kojima e Tetsu.

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