Depois de lutar por mais de um mês contra doença respiratória, o Papa Francisco acabou não resistindo e falecendo ontem, às 2h35 no horário do Recife, na Casa Santa Marta, onde vivia. Neste período mostrou muita força, nunca reclamando, sempre dando lição de vida e humildade, respeitando os desígnios de Deus. Mesmo com a saúde extremamente frágil, fez questão de fazer algumas aparições. Inclusive quando circulou no Papa Móvel cumprimentando os fieis na Praça de São Pedro, na cerimônia no Domingo de Páscoa. Deixa-nos católicos depois de fazer um trabalho fantástico de renovação da igreja nos 12 anos do seu papado.
RITUAL
As cerimônias fúnebres do Papa Francisco começaram ontem, ao meio dia (hora do Recife) com missa na Basílica de São João Latrão, em Roma, celebrada pelo cardeal Baldo Reina. Uma hora depois, em cerimônia oficiada pelo cardeal Kevin Farrell, que é o camarlengo que vai assumir o comando do Vaticano, teremos o rito de constatação da morte e deposição do corpo de Francisco no caixão. Será na capela que fica ao lado do quarto onde o Papa Francisco morava na Casa Santa Marta. Amanhã, pela manhã, o caixão será levado para a Basílica de São Pedro, para o início do velório.
IMAGEM
Tive o privilégio de estar, com Sheila, perto do Papa Francisco. Foi durante um evento da Obra de Maria, no Vaticano, com a participação da Orquestra Criança Cidadã, ao lado das colegas Vera Ogando, Leusa Santos e Ana Dubeux. Dele, me ficou a imagem de um homem bom, humilde na sua batina branca, usando uma cadeira de rodas. Uma emoção que nunca vou esquecer.
SIMPLICIDADE
O primeiro Papa americano chamava-se Jorge Mario Bergoglio, era jesuíta e tinha sido cardeal de Buenos Aires. Ao ser eleito, passou a usar o nome de Francisco, em homenagem a São Francisco de Assis, protetor dos pobres. E tomou algumas decisões de impacto. Primeiro deixou de usar os sapatos vermelhos do seu antecessor, que até tinham sido alvo de fake News de que seriam da grife Prada. Passou a usar sapatos pretos. E trocou a corrente com o crucifixo dourado por um prateado.
HOSPEDAGEM
O Papa Francisco decidiu não morar no Palácio Apostólico, também conhecido como Palácio Papal, Palácio Sagrado ou Palácio do Vaticano, como seus antecessores. Dizia que ficaria isolado lá. Optou, então, pela Casa Santa Marta, ao lado, onde ficam hospedados os cardeais em visita ao Vaticano. Era lá que estava durante o concílio que o elegeu Papa. Tinha um apartamento normal, apenas com o detalhe de um espaço ao lado, onde foi instalada a capela onde rezava. Costumava tomar café com os cardeais. Todo dia, saía para trabalhar no seu gabinete no Palácio Papal. Nunca usou o Palácio Apostólico de Castel Gandolfo. Nas encostas das Colinas Albani, a 24 quilômetros de Roma, local de descanso e férias de verão para muitos papas a partir de 1620. Hoje está aberto à visitação.
O CARRO
Mudou os veículos que usava. É bom dizer que toda fábrica fazia questão de doar os carros usados pelos papas. Na maioria das vezes, usava um modelo simples da Fiat e sempre fazia questão de ir no banco ao lado do motorista. E foi pessoalmente, pagar sua hospedagem num hotel e mandar fazer novos óculos.
O AVIÃO
Quem teve o privilégio de viajar no seu avião, sempre se referia à simplicidade do papa e o tom de alegria que dava nas suas falas. Como revela o jornalista pernambucano Gerson Camarotti, que conseguiu uma rara entrevista coletiva do Papa Francisco.
TORCEDOR
O Papa Francisco adora futebol e sempre que podia via jogos pela TV. Era torcedor assumido do San Lorenzo, de Buenos Aires, que o homenageou, dando seu nome ao novo estádio do clube. Quando visitou o Papa, Dom Fernando Saburido entregou uma camisa do Sport, quando o Papa quis saber detalhes do clube pernambucano. E brincou: “vou torcer por ele”. Depois ganhou de fiéis camisas do Náutico e Santa Cruz.
RETORNO
Depois de eleito Papa, Francisco nunca voltou à Argentina. Apesar da visita ter sido anunciada algumas vezes, nunca se concretizou. Dizem que por divergências na política do seu país, mas ele recebeu vários presidentes argentinos, como recentemente Javier Milei. Que disse ontem nas suas redes sociais “que apesar de diferenças que hoje parecem menores, ter podido conhecê-lo em sua bondade e sabedoria foi uma verdadeira honra para mim.”
DESPEDIDA
Dom Paulo Jackson, arcebispo de Olinda e Recife, revelou que teve o privilégio de ter vários encontros com o Papa Francisco. Foi durante entrevista que concedeu ontem no Aeroporto dos Guararapes, antes de embarcar para o Norte da Galileia em Israel, onde fará retiro espiritual, ao lado de 130 bispos do mundo inteiro.